Sunday 27 May 2012

E se fosse você?

E se fosse você que dependesse do transporte publico?
E se fosse você que morasse no extremo da zona sul de SP?
E se fosse você que tivesse que descer do ônibus e fazer uma longa caminhada a pé para não chegar atrasado no trabalho?
E se fosse você que não tivesse onde morar?
E se fosse você que depois de ficar horas no trânsito, num dia de chuva, visse seu carro afundar por conta de uma enchente?
E se fosse você que esperasse ansioso pela chuva para colher o que você plantou?
E se fosse você que não tivesse um agasalho no frio?
E se fosse você que não tivesse dinheiro pra comer?
E se fosse você que tivesse que pedir esmola?
E se fosse você que precisasse de um ombro amigo?
E se fosse você que estivesse se sentindo solitário?
E se fosse você que tivesse sido rejeitado?
E se fosse você que não amasse mais?
E se fosse você que tivesse sido mandado embora?
E se fosse você que tivesse sido promovido?
E se fosse você que fosse o chefe?
E se fosse você que fosse o subordinado?
E se fosse você que não tivesse um pai?
E se fosse você que não tivesse estudo?
E se fosse você que passasse no primeiro lugar da federal?
E se fosse você que tivesse terminado o namoro?
E se fosse você que esperasse por um sim, mas recebesse um não?
E se fosse você que tivesse conseguido o emprego?
E se fosse você que estivesse pensando como eu?

Cada um tem uma justificativa para o comportamento. Cada pessoa tem um histórico. Não dá para tirar conclusões precipitadas sem conhecer as razões que cada um tem para se comportar assim ou assado, mas ter olhos e sensibilidade para isso é um "poder" que poucos possuem.

Há um mês, comecei a fazer terapia. Ando num momento muito diferente da minha vida. Preciso me conhecer mais e trabalhar alguns pontos.
Tenho procurado nas pessoas os valores que preenchem a vida delas. Nessa procura, tento me identificar. São poucos os parceiros que encontro e, por conta disso, fiquei bem amiga da solidão.
Não sou auto-suficiente, ao contrário, parece que eu vivo uma carência constante. A psicóloga me disse ontem que eu sou extremamente emotiva. Eu tenho tantas dúvidas, que já desconfiava disso também...
Um dia, talvez, eu ainda vá estudar psicologia. Eu queria ter um conhecimento que me permitisse compreender o outro. Acho que isso tornaria mais fácil me relacionar e eu também poderia ajudar outras pessoas com os mesmos "grilos"...

Eu ouço tantas histórias e há tantas que eu admiro. Existe gente boa nesse mundo. Gente que faz, que luta, que tem dignidade. Gente que ajuda, que colabora, que motiva, que é humano.
Algumas das exceções que eu considero valiosas, nem estão no grupo das minhas grandes amizades, mas são pessoas que têm uma história de vida tão bonita, que se fosse possível, eu tiraria uma foto. Uma foto que revelasse facilmente a verdade de cada um de uma maneira fiel e bonita.

Mas como avaliar sem julgar? Como respeitar as diferenças e as falhas, já que ninguém é perfeito?
Como desconsiderar a falta de comprometimento, o descuido, a falta de atenção?

Dia desses numa situação bem inusitada, alguém comentou comigo sobre o sofrimento de ser um virginiano, cuja característica marcante é o perfeccionismo. Esoterismo à parte, ser perfeccionista não é um defeito, mas envolve uma atenção redobrada aos detalhes. E ter essa sensibilidade faz com que esperemos dos outros a mesma percepção (ou) dedicação.

Na verdade, todas as nossas expectativas não correspondidas dão uma força para um sentimento de frustração com relação ao outro. Aí a coisa pode virar uma bola de neve...

Pra finalizar, repito as palavras do Dalai Lama:

"Creio que a empatia é importante não só como meio de aprimoramento da compaixão mas, em termos gerais, quando se lida com os outros em qualquer nível e se enfrenta alguma dificuldade, é extremamente útil ser capaz de procurar pôr-se no lugar da outra pessoa e ver como se reagiria à situação. Mesmo que não se tenha nenhuma experiência comum com a outra pessoa ou que se tenha um estilo de vida muito diferente, pode-se tentar fazer isso através da imaginação. Pode ser necessário ser levemente criativo. Essa técnica envolve a capacidade de suspender provisoriamente a insistência no próprio ponto de vista mas, também, encarar a situação a partir da perspectiva do outro, imaginar qual seria a situação caso se estivesse no seu lugar, como se lidaria com o fato. Isso ajuda a desenvolver uma conscientização dos sentimentos do outro e um respeito por eles, o que é um importante fator para a redução de conflitos e problemas..." ( A Arte da Felicidade)

Sunday 15 January 2012

Ao amigo G.O.

Hoje recebi a notícia de que uma pessoa muito querida está com uma doença séria. Quando li a mensagem, fiquei tentando imaginar como a pessoa do outro lado da tela me escrevia isso. Me pareceu tranquila, no entanto, triste por saber que o parceiro tinha que passar por um processo delicado de cuidados e atenção.

Eles também vieram da mesma experiência que eu na Irlanda. Chegamos no mesmo período e dividimos vários momentos juntos. Apesar de uma certa distância com o decorrer do tempo, é o tipo de relação que deixa sempre um carinho grande, uma vontade de reencontrar.

Ele vai ficar bem, claro, mas penso nessa fase que enfrenta e em como precisa de força para superar o que agora é tão ruim... Que ele seja firme pra isso e não desanime.
Eu fico aqui torcendo para que o tempo seja mais rápido que a espera da melhora, de modo que nem dê pra sentir ele passar e quando percebermos, tudo já se resolveu. :)


Saturday 14 January 2012

I'm on a roll

Em 2011 trabalhei muito, conheci muitas pessoas, me diverti, dancei muito, tirei fotos, me apaixonei, me entreguei, me decepcionei, esqueci, superei, sofri, me angustiei, me senti profundamente só, perdida, confusa, assustada, carente, me surpreendi, procurei, achei, deletei, AMADURECI.

Embora a vontade de se renovar devesse ser uma característica constante de todos nós, isso geralmente se acentua a cada início de ano. É o novo ciclo que trás as novas esperanças. Eu diria que depois de superar uma fase muito ruim na vida de qq um, há um forte tendência de olhar pro futuro com mais vontade de viver e conquistar o que quiser.
O meu momento atual eu resumo da seguinte forma: o mundo será pequeno pro tamanho da minha força de vontade. Eu encerrei, já há algum tempo, um ciclo carregado de coisas negativas na minha vida e agora inicio 2012 com um desejo absurda de me transformar e fazer tudo  diferente. E que bom que a gente tem a chance de mudar, que bom que a gente pode ser melhor.

A conclusão de que tudo vem na hora certa é muito clara. Não sei se devo considerar uma explicação filosófica ou religiosa pra essa maneira de pensar, mas, de acordo com todas as situações que tive e tenho no meu universo, isso é o que mais me convence.
Em 2012, eu desejo saúde e paz para todos. O resto a gente realmente corre atrás. :)

Sunday 13 November 2011

Divisor de águas

O mais recente divisor de águas que tive na minha vida foi após meu retorno ao Brasil e o acidente da minha mãe. Com o que aconteceu, ou TUDO mudaria para melhor, ou TUDO teria um fim.

Dia desses, estava conversando com uma pessoa sobre isso e eu disse que talvez eu precise da ajuda de algum profissional pra superar algumas coisas. Sozinha, infelizmente, eu não consigo e, pra dizer bem a verdade, eu não quero. Talvez o tempo ajude a esquecer. Não acho também que eu possa dar o nome de mágoa pra isso. Não é o caso pq eu acho que a mágoa dói, incomoda. E o que eu sinto hoje tá muito mais parecido com uma decepção. Um sentimento que deixa a gente descontente, triste. Eu não tenho vontade alguma de estar perto destas pessoas que provocaram essa minha reação. E não há quem me convença a mudar. Não me venham dizer que porque é sangue se tem que superar tudo. Quem foi que disse que dna determina caráter e/ou personalidade? Não, gente.
Com base nisso, ou eu sou fria demais (tvz esteja me tornando) ou sou a má da história.

Eu não vou expor aqui os motivos que eu tenho pra agir assim, eu resumo apenas em: numa baita situação difícil, quando eu precisei demais da ajuda e do apoio (de todos os tipos), eu só recebi de terceiros e, pra piorar, aos olhos dos demais, eu era dramática. Não sei se estou certa ou errada, mas valorizo muito quem se importa comigo de verdade. Quem demonstra isso em palavra e em atitude. E, acredite, eu reparo em cada gesto.

Outra coisa que percebo nas relações é a cobrança. Uma cobrança, ao meu ver, egoísta. Diante de tantos acontecimentos, como é que esperam de mim mais atenção???? Quem está precisando de atenção SOU EU, porra!! Quantas não foram as vezes em que eu já me dediquei? Sempre estive tão disposta a ouvir e fui daquelas que sempre tinha uma palavra pra dizer, sempre. Não à toa que tantos
me procuravam. Só que agora eu não tenho palavra pra dizer, agora eu preciso é ouvir.

Outro dia, um primo me disse: "se eu pudesse, eu viveria numa ilha". Sabe de uma coisa? Eu também! Estabelecer relações anda bem difícil ultimamente. As pessoas se enxergam quando de alguma
maneira isso é conveniente.

O que tem tornado tudo um pouco mais simples foi ter conseguido uma ocupação. É impressionante como isso refletiu positivamente na minha vida. Me sentir útil parece ser fundamental na minha existência. Além das recompensas que isso me traz, afinal, um salário no fim do mês alivia parte das preocupações.

A coisa é instável ainda. Não há garantias de nada, no entanto, já existem tantos planos meus, tantas vontades, mas preciso me manter com os pés no chão... que vida dura essa de não ter permissão nem pra sonhar, pois tem sempre alguém ali pra dizer: "calma, não se empolga, espera as coisas acontecerem..."

Tô com a mente tão cansada. Tô feliz, claro que sim. E esse é o tipo de coisa ninguém pode roubar de mim, no entanto, eu sei que incomoda. Sabe de outra coisa, eu quero ver quando eu anunciar que eu vou cuidar da minha vida. Se agora já me julgam dizendo que eu sou isso ou aquilo, quero ver quando eu disser: fui! E, olha, precisa de muita coragem pra tomar uma atitude dessas. É pior que sair do seu país e enfrentar uma cultura desconhecida. E em pensar que tudo poderia ser tão mais simples... Mas, como não é, eu vou em frente e que sigam-me os bons. Ninguém vai fazer nada por mim mesmo, e o tempo voa, minha gente, como tem sido até agora. E é duro olhar pra trás e perceber que tanta se coisa se passou e nada se efetivou.

O que importa mesmo, agora, é ter vontade. As dificuldades que a gente passa na vida, nos torna mais fortes, mais lutadores, pode acreditar em mim. Eu queria ser invencível, mas não me sinto capaz de dizer isso. A única certeza que eu tenho é que eu vou lutar com todas as minhas forças pra conquistar o que eu quero, doa a quem doer. Isso não significa, obviamente, que vou sair por aí atropelando quem estiver na minha frente, eu não tenho esse perfil. Isso significa que eu não vou me prender por nada nem por ninguém. Até porque, as conquistas que eu obtiver, sem dúvida, serão usufruídas por todos.
Não espero dias sem tempestades. Já me convenci de que isso não existe no meu caminho. Mas eu vou andar com um guarda-chuva bem forte pra me proteger, mesmo que eu esteja sozinha...

Wednesday 9 November 2011

Ansiosa...

Essa ansiedade que não me deixa dormir.
Faz tempo que não venho aqui e há tanto pra falar...
Tá na hora. Amanhã!