Wednesday 29 June 2011

Coruja nostálgica :)



Eu definitivamente troquei o dia pela noite. Acho que nunca cheguei a algo tão extremo. Passei uma noite toda em claro, sem sono algum e trabalhei o dia seguinte inteiro. Cheguei em casa morta e dormi até o começo da madrugada, pode isso?
Agora acordo de novo e cadê o sono? Tá complicado. Mente cansada, corpo cansado....
Mas já que eu tô acordada, não tem jeito, eu tô vivendo um momento de nostalgia pura. Como disse a um amigo dia desses, a cada esquina que eu paro em Dublin, vem à mente a lembrança de algum momento ou de alguém.
Andei relendo os posts do blog privado. Que barato! Tenho tantos registros dos primeiros momentos aqui. Ri e chorei sozinha. É engraçado como a gente chega aqui tão cru. Como eu fazia comentários tão ingênuos. Falta de experiência de tanta coisa. E como é perceptível (para mim e para os que me conhecem bem) o quanto eu mudei em três anos...

Primeiro contato de Dublin - postado em 02/06/08
Finalmente, cheguei! Esta é a primeira vez que estou usando meu notebook. Estou feliz por tê-lo trazido comigo, mas triste pq ainda não consegui utilizá-lo como eu queria, ou seja, tendo acesso à internet para ter contato com todos do Brasil.
Bem, vamos por partes...rs...eu não queria escrever um texto extenso para que não ficasse mto cansativo, mas acho pouco provável que eu consiga..rs...como autêntica virginiana que sou, preciso expôr todos os detalhes desta aventura que começou no dia 30/05/08.
A sexta-feira foi muito corrida desde o momento em que levantei da cama. Tive uma e noite bem exaustiva. É incrível como até mesmo em sonhos ainda me sinto presa a algumas coisas que preciso tanto me desapegar... mas, enfim, este é só um pequeno detalhe.. :) Voltando à correria da sexta-feira, no final deu tudo certo. Contei ainda com a ajuda de muita gente que fez com que as coisas fossem agilizadas. No final, consegui sair de casa com tempo. Foi o último momento que dirigi o meu negão... ai que saudade que vou sentir dele, foi meu xodó e uma das minhas grandes conquistas...ah! convenhamos, o primeiro carro a gente nunca esquece...rs...ainda mais se ele foi tão desejado, tão sonhado... Quando chegamos ao aeroporto, fomos diretamente para a fila do check-in e já estava bem grande. Na própria fila, consegui ver o vídeo que a galera aprontou pra mim, aliás, que grande surpresa esta...amei de verdade. Depois que cheguei aqui e vi com mais calma, já me emocionei um bocado... Mas, enfim, check-in feito, faltava apenas vinte minutos para atravessar o portão de embarque. Na verdade, acho que poderia ter sido mais tempo, mas segui o q o cara da companhia me sugeriu e aí começou o momento mais difícil: a hora do tchau. Putz, nessa hora o coração aperta que chega a machucar e vc vem com um nó tão apertado na garganta que nem água passa direito...É o momento em que vc vê aqueles olhos cheios de lágrimas e que, sem precisar abrir a boca, já te dizem: você deixará saudades...e, nessa hora, minha pernas travaram. Por alguns segundos, eu perdi toda a vontade de atravessar o portão, mas eu tinha de fazê-lo, e então ouvi: "vai, meu, agora tá feito!" É, agora está – pensei - e segui em frente. Logo que atravessei, fui passar as coisas por aquela máquina de raio x. Tive que tirar o notebook da bolsa e também tive que tirar o cinto. Essa parte foi horrível, pois tive que ficar segurando a calça, senão cairia..rsrs De lá, fiquei toda atrapalhada carregando duas mochilas super pesadas, meu casaco enorme, minha bolsa, minha tartaruga e milha abelha...rs... Mais à frente, os caras pedem novamente pra vc apresentar passaporte e ticket. Na hora não achei o passaporte. Ele estava fácil, mas como estava nervosa, demorou uma eternidade. Pensem em alguém desastrada....rss...essa sou eu! Paciência..rs. Quando cheguei no portão 10, vi uma fila enorme e um moooonte de gente sentada. Eu não sabia o que eu tinha de fazer. Não sabia se enfrentava a fila ou se sentava também e não havia um alma viva que pudesse dar esta informação claramente e, para meu azar maior ainda, para todos os que perguntei, ouvi: "i don't speak portuguese"..rs...já comecei a sentir no Brasil mesmo a minha dificuldade...rsrs. Por fim, fiquei na fila e, quando chegou a minha vez, descobri que deveria ter ficado sentada...rs...a fila era para estrangeiros que vinham de outros países e faziam conexão no Brasil..ahhaha...tonta! E eu com aquele mooonte de coisas pesadas na mão e nas costas. Já estava sem forças pq não consegui me alimentar durante o dia todo e meu corpo estava todo dolorido por causa da tensão da última semana...
Cheguei no avião e aí dá aquele frio na hora que ele tá subindo. Enquanto não pára de subir, parece que ele não vai ter forças e vai cair..credo! Mas, tb, depois que tá lá em cima, vc nem sente, parece até que tá parado em algum lugar. Todos os comissários só falavam inglês...puta preconceito, né? Só a gente tem que se virar para nos adaptarmos ao idioma deles...
O vôo, gente, é muito, muito cansativo. A poltrona é muito apertada e como eu já estava exausta por causa da semana que tive, foi terrível aguentar as treze horas dentro do avião e cheguei aqui com o fuso horário todo atrapalhado. Segundo o Marco, um jornalista que conheci quando cheguei na Holanda, chegamos em Dublin entre três e três e meia da tarde, mas não tenho certeza. Por falar em jornalista, uma grande coincidência foi eu ter conhecido três de uma vez. Na casa mesmo onde estou, há uma e ainda para completar é lá do Piauí..rss...dá pra acreditar??? O Marco é um cara bem legal. A amiga dele, que foi recebê-lo no aeroporto, também é gente boa. Duas boas almas que o cara lá de cima colocou no meu caminho. Essas duas criaturas me ajudaram um bocado logo que pisei na terra encantada. Os dois me ajudaram a trazer as malas até o Centro e isso me fez economizar uns cinqüenta euros. Muito bom, né? :) A Renata também nos ajudou a comprar os celulares quando ainda estávamos no aeroporto. Paguei muito baratinho: 49,90 euros e ainda recebi mais 40 de crédito com os quais posso fazer ligações a 0,09 euros/minuto para telefones fixos no Brasil. O aparelho é simples, mas faz ligação e recebe e isso é o que importa!
Depois que chegamos ao centro, fui comer um lanche no Mc Donalds..rs... ele é um pouco diferente, acho que menos saboroso.
Apos esse rapido almoco, fui direto pegar o táxi. O motorista foi muito simpático. Brian o nome dele. Eu estava com uma dificuldade enorme de conversar em inglês, mas ele foi me forçando a falar e foi dando certo. Perguntei a idade dele, depois de ele ter perguntado a minha, e ele pediu que eu tentasse adivinhar. Chutei entre 28 e 32 anos e errei..rs..ele tem 38 anos. Ficou todo contente por eu ter me enganado...rs... Acho que ele aproveitou pra dar uma cantadinha também, mas sabe que eu não achei nada ruim?!...rsss...ele era uma gracinha e não tinha aliança nos dedos...rsrsrs... já comecei a gostar de Dublin..rs...alias, aqui tem mto homem bonito...quem gosta de loirinho de olhoa, aqui e o lugar!!! :) Ele não conseguia encontrar a casa, então parou o carro, desligou o taxímetro, ligou para a residência da Ms. Catherine e pediu infos de como fazia para chegar lá...nesta hora, pensei: "no Brasil isso é tão difícil de acontecer". Mas depois soube que isso foi uma exceção, pois outras pessoas disseram que os motoristas ficaram horas andando ou deixaram os passageiros em outros lugares. É, acho que ele estava mesmo sendo gentil comigo...rss...Foi um dia "iluminado", como disse a Renata depois, quando me ligou para saber se eu tinha chegado bem...

A casa.
A Ms. Catherine me parece ser muito legal. Conversamos pouco pq não consigo entender o inglês dela. Ela também tenta me ajudar e corrige as minhas frases... Hoje, domingo, vi todos os filhos dela. São quatro crianças lindas e muito educadas também. Um menino, e três meninas, sendo duas, gêmeas. O garoto é um fofo..dá vontade de apertar ele toda hora, mas percebo que ela os educa para ficarem mais distantes dos hóspedes. Há mais gente aqui além de mim e da jornalista. Soube que há dois brasileiros, gaúchos, e também e vi duas austríacas adolescentes.
O bairro aqui é bem bacana. É bonito e muito arborizado. Não consigo, neste momento, lembrar de algum bairro de Sampa que eu possa comparar, as casas não têm portões e todas são muito parecidas e com muitos jardins...parecem padronizadas. É como se fosse um desses condomínios residenciais que existem por aí, mas com muitas, muitas casas. Os sem'aforos daqui fecham rápido demais..rs..já sei que se estivesse dirigindo aqui ficaria irritadíssima com isso.
Hoje demorei para levantar da cama. Nem tomei café e tb não estava a fim de sair. Ainda estava muito cansada da viagem e não tinha me recuperado. Aproveitei para dar uma ajeitada nas coisas, colocar algumas roupas no armário... fiquei chateada pq as duas malas estão detonadas. Uma rasgou a costura do lado e a outra quebrou o apoio na parte de baixo...nem sei onde isso aconteceu...se foi no avião ou no caminho do aeroporto até o centro., mas agora não tem o que fazer.
No meio da tarde, o Ernani me ligou, aliás, obrigada, Ju, por ter enviado o email pra ele, tá?! Daí combinamos de nos encontrarmos. Primeira vez que saí sozinha...hehehe...o ônibus demorou um pouco pq é domingo. Foi tudo tranqüilo. Quando entrei, pedi ajuda a uma moça para indicar o ponto em que eu tinha que descer para chegar ao Trinity College e ela foi bem gentil. Foi o máximo encontrá-lo! É mto bom ver uma pessoa conhecida por aqui, gente. Por mais que a gente saiba q o esquema é cada um por si e Deus por todos, isso dá um pouco mais de segurança, sabe?! Além disso, o Ernani é um puta cara legal. Tivemos uma longa conversa e falamos sobre quase tudo. Não pude ver a japa pq ela estava trabalhando e só ia sair às 19 horas do shopping em que trabalha. É provável que só consiga vê-lo novamente no fim de semana que vem, pois, pelo que entendi, ele já conseguiu um novo emprego.
What else? Ah! Andamos um pouco pelo centro também e o Ernani já me deu as dicas de como andam os meninos rebeldes de Dublin. Eles são tipo uma gang que esqueci o nome, aprontam um bocado pela cidade e não gostam de estrangeiros. Logo que cheguei, ouvi um papo de que mataram um polonês com chave de fenda. Parece que não andam armados, mas são violentos, batem muito e não estão nem aí se é mulher ou homem. Estão sempre vestidos da mesma forma, moletom cinza e blusa da adidas ou todos de branco. Já vi alguns pelas ruas hoje e têm umas caras invocadas, credo! Ah! Minha volta para casa foi sossegada tbém. Aliás, o engraçado aqui é que os carros são todos com direção do lado direito e existem momentos em que parece que todos os carros vão bater uns nos outros...rs
Depois que cheguei, tomei banho e fui comer um pouco da comida da ms. Catherine. É bem apimentada e eu que não gosto de pimenta senti bastante...rs...o arroz e completamente sem gosto e um pouco durinho também. Sem feijão, claro, e uma ervilha do lado. Mas, de um modo geral, estava gostoso. Agora, não vejo a hora de achar o meu cantinho para poder desempenhar os meus dotes culinários, como o meu bolo de banana, por exemplo. Então, é isso pessoal! Queria que vocês tivessem uma visão geral de como está começando a aventura...
Segunda será feriado e eu espero conseguir contato pela internet. Amo todos vocês.

2 comments:

Anonymous said...

Cleidoca... seus comentários me deixam com uma certa vontade de me aventurar também... mas ainda tenho que realizar e aprender algumas coisas por aqui...O desenvlvimento tem que ser constante... Saudade.

Bocadinho de Coisas said...

Anônimo,
Como diz o Amyr Klink, "um home precisa viajar...".
Se um dia tiver a oportunidade pra isso, faça. É uma grande experiência a faz com a que a gente abra a nossa mente e só agregue mais ao desenvolvimento pessoal. Um beijo. ;)