Monday 1 August 2011

Sobre quem a gente tem na vida...


Dia desses, conversei com um rapaz no msn que conheci em Dublin, o Daniel. Nosso encontro lá foi feito por intérmédio do Doc, que trabalhou comigo na samsung, e lá trocamos trocamos meios de contato. Na conversa, de pouco tempo, pois era quase a hora de almoçar e ele estava no trabalho, ele me deu o depoimento de como foram os primeiros dias pós-irlanda. Acho que as sensações são muito parecidas e fico aliviada de saber que não sou a única a ter os sintomas...

Antes de vir pra cá, um dos meus maiores medos era pensar na convivência em casa. Tinha receio que, depois de conquistada minha independência, eu tivesse que voltar pro Brasil e também no tempo, um tempo em que, apesar dos meus 28 anos da época, minha mãe gostava muito de me controlar.

Meu receio era tão grande de que nossa relação mãe e filha fosse abalada, que de lá mesmo eu comecei a prepará-la dizendo: eu não sou mais a mesma Cleide que saiu daí há três anos. Talvez por ter agido assim, tenho percebido que ela se esforça pra respeitar meu espaço. Isso é bom e colabora para que esse momento seja menos torturoso.

Voltar de uma experiência como a nossa, envolve muitas coisas. Envolve desapegar-se do que ficou lá, das pessoas com as quais nos relacionamos, do mode de vida, do nosso canto, do poder de consumo... E desapegar não é o mesmo que esquecer, é apenas deixar de lado por ser a única maneira que vc tem de seguir adiante, de caminhar.

Voltar de uma experiência como a nossa, também envolve o que a gente vai encontrar quando chegar. Envolve saber se as mesmas pessoas que te escreviam no facebook e deixavam mensagens de saudade vão fazer o mínimo esforço para te encontrar. Se as expectativas positivas de trabalho vão mesmo se concretizar. Se a família vai entender que você "cresceu" e por isso não é mais a menininha ou menininho que partiu para uma aventura e trouxe uma bagagem ainda maior de aprendizado, de maturidade.

Cada um tem sua vida e as condições em que se encontra reflete muito no bem ou mal-estar que pode viver. Eu sei que enquanto eu não estiver trabalhando e reconquistar meu espaço, ainda vou sofrer com as
dificuldades de adaptação.

Nunca foi como uma obrigação, mas trabalho desde os meus doze anos. Meus pais sempre tiveram comércio e eu sempre estive envolvida com eles de uma forma ou de outra. Hoje, aos quase 32, fico bem triste quando me vejo ociosa. Vejo em como o tempo passa e em quão grande é minha vontade de trabalhar, de explorar o meu talento (seja ele qual for), e nada acontece.

Sim, eu estou me dedicando na procura. A minha idéia, desde o início, é garantir uma vaga na área de comunicação. Passei tanto tempo da minha vida me dedicando ao estudo do jornalismo, que fico chateada de pensar em não pensar nisso. Exatamente assim, como eu disse mesmo. Porém, passado quase um mês de retorno, não me vejo em condições de esperar e então começo a atirar para o que aparecer. Meu tempo é precioso demais para ficar à mercê do destino.

Quando eu saí da Irlanda, me lembro de ter tido uma conversa em que eu disse que o que viria pela frente seria bem punk e que eu precisava ter do meu lado pessoas que fossem firmes. Que não desistissem de mim no meio do caminho. Hoje, sou muito grata àquelas que são peças-chave nesse jogo: minha mãe, que me ajuda, me apóia e tem respeitado meu momento; à claudinha que, por ter feito parte daquele mundo e compartilhar do mesmo sentimento que eu, se dispõe a me ouvir e trocar experiências, de modo que traga um certo "alívio" pro momento; ao AL, que prefiro não citar nome pq ele tem horror à exposição, mas que, até mesmo enquanto eu estava lá, sempre me deu liberdade e segurança para tratar de assuntos pessoais delicados e importantes e até hoje colabora pra que me sinta melhor. E, por último, à minha tão querida amiga e guerreira, Olívia, que está sempre à postos e com quem eu posso dividir tudo.
Eu nunca fui de muitos amigos, mas sou bem amparada pelos poucos que tenho.

Estou trabalhando meu lado espiritual. Depois de um tempo namorando um ateu, fiquei muito influenciada por alguns pensamentos. Agora me sinto vazia e como se não tivesse pra onde correr. É uma sensação bem estranha.

Esse foi mais um bocadinho de coisas que eu tinha pra contar...

Cleidoca

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